quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

3ºTrail do Cabo Espichel

Parece que foi ontem, mas já passou uma semana. Isto de andar a fazer trilhos nos Jantares de Natal e Trails nos almoços festivos, não deixou muito tempo para escrever sobre o 3ºTrail do Cabo Espichel.

Desta vez os 5 loucos do Azoia (Sim, os mesmos cinco das últimas novelas e aventuras) não alinhavam á partida. Eu e o Rui, antes da partida éramos os corajosos dos 30Km, no fim seriamos apenas os rebentados dos 30K. O Zé ia para os 15Km e o Laia e o Gomes ficavam a dar apoio no último abastecimento, certamente para gozar com os 2 empenados, conforme se veio a verificar.
Para finalizar este ano de recuperação, tinha deixado a prova com maior distância para o fim, mais ou menos como uma criança que deixa o rebuçado mais doce para último, para poder saborear melhor, aquele momento de degustação natural. O Trail do Cabo foi esse momento!

(Foto by João Pereira)

Correr pelas cores do Azoia, com este enorme grupo de grandes amigos, tem sido uma experiência inigualável em muitos sentidos. Temos feito provas magníficas, sempre com um enorme espirito de aventura e divertimento. À partida eu e Rui lá fomos andando atrás daquele “rebanho” de gente colorida e ainda sorridente, com pernas frescas e cheias de força. Logo aos 3Km, percebi que não estava virado para grandes correrias, sentia as pernas pesadas, e só via passar por mim malta cheia de pressa, certamente atrás de algum autocarro ou táxi que eu não tinha avistado. Fui correndo e apreciando as vistas, ao ponto de ter perdido o Rui para o grupo dos aceleras. O primeiro abastecimento veio na altura certa, admito que mesmo apreciando a paisagem, faltava qualquer coisa. Percorri rapidamente a mesa, não havia filhoses, nem azevias ou bolo-rei, mas havia uma enorme simpatia do staff do Azoia, o que verdade seja dita, é uma realidade hoje e sempre, em qualquer prova ou abastecimento. O abastecimento era farto para corredores e aquelas palavras certas de apoio, a todos os que ali chegassem, aconchegou o espirito a muita gente. Dali para frente, já não estranhei mas entranhei a espetacularidade daquele Trail.

Os trilhos mais técnicos são desafio a cada passada, que me despertam para tudo. Correr naquelas arribas arrepiantes é como uma descarga de adrenalina constante, que me sacode a alma em cada km lado a lado com aquele oceano sem fim. Subo uma pedra, desço um socalco, salto uma poça de lama, mas nada importa. Já estou a saborear o melhor rebuçado, e ainda falta tanto para o fim. Ao passar o Farol, a caminho do Convento, sou mais um no meio de muitos que correm agora de boca aberta, assoberbados com a paisagem, assoberbados com a nossa própria pequenez.


(Foto by Miguel Baltazar - Facebook Oficial da Prova)

O último abastecimento é como um porto de abrigo. Tudo o que comer ou beber agora só ajudará para chegar ao fim. Agora já não há aceleras, tudo é feito devagar, com calma para não perder nenhum detalhe daquele momento. Já estou na última parte da prova, mas a adrenalina e o gel energético, mantêm todos os sentidos em alerta constante. Os músculos querem correr e mais vale aproveitar enquanto isso acontece. Contínuo envolto numa atmosfera que não sei explicar muito bem, nesta altura já devia ter dores nas pernas ou nos pés. Com alguma surpresa apanho o Rui, está um pouco rebentado, mas ainda sorri. Pouco depois, pendurado no meio da falésia vejo o Gomes e o Laia. Isto à cá com cada sitio para fazer um posto de controlo. Deve ter sido do choque de os ver ali, mas as pernas começaram a doer a sério depois de falar com eles e ainda faltam 4 kms. Entre o correr e o andar deu para entrar no último km, todo empenado cheio de mossas na carcaça, mas com um enorme sorriso. Isto afinal não correu mal, acabei com 4H08m e um High-five ao amigo Noel. Que com toda a calma do mundo, tal e qual como um grande profeta que deixa as palavras certas no momento exato, sai-se com esta:

- Já está! Esta já ninguém te a tira.

Grande Noel, nem imaginas como aquele momento foi importante. Nesta altura há precisamente um ano atrás, nem 5km eu conseguia correr numa passadeira e agora aqueles 31,4km já eram meus. Só posso por isso agradecer a todos aqueles amigos do GDU AZOIA, pelo carinho em todos os momentos da prova.

Não é fácil dissecar aqueles 30Km´s. À medida que as letras se encaixavam e as palavras se entoavam em frases descritivas e detalhadas, parecia ficar cada vez mais por dizer.
Cada pedra tem a sua história, cada passada constrói um caminho que assenta sempre numa longa estrada onde o olhar pára, deslumbrado, assoberbado ou simplesmente ofuscado, pelas magníficas paisagens que este Trail me gravou na memória.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

1ºTrilhos de Bellas

Após o Trail da Quinta do Pinhão, tinha renascido em mim o desejo das peripécias e aventuras do Trail e como tal, nada como lançar-me a uma nova aventura, o mais rapidamente possível.
A aposta caiu nos 1ºTrilhos de Bellas.
Zé, Gomes, Rui, Eu e o Laia

A comitiva GDU AZOIA, marcava presença para uma prova carregada de incerteza e desconhecido, uma vez que à exceção da minha pessoa que não corria esta distância à cerca de 18 meses, todos os restantes nunca sequer a tinham corrido. Resumindo: Venha a Aventura!

Os 30 minutos de atraso deliberados pela organização, permitiram o acerto da estratégia, mas foram arrefecendo os motores, o que mais tarde viria a ser a morte dos artistas. Eu e o Pedro Laia, tínhamos uma estratégia, bem delineada. Corrermos e andarmos e quando a coisa começasse a dar para o torto, andavamos e corríamos. Era a receita ideal para quem não tem pernas para estas cavalgadas. O Rui ambicionava chegar à frente dos Quenianos, o Zé tinha de ser rápido para dar o almoço aos miúdos e o Nuno Gomes estava carregadíssimo de vontade de varrer os trilhos sempre a abrir, na sua passada.
EU e o Pedro Laia, ainda sem dores nas pernas.

Até ao primeiro abastecimento no km7.5 as coisas pareciam bem encaminhadas, as pernas (ainda) estavam frescas, e apesar das duras subidas ainda conseguíamos trazer um sorriso. A segunda parte da corrida era entre os 2 abastecimentos, dos 7.5Km aos 17,5km. Pela altimetria previamente divulgada, era aqui que estavam os maiores obstáculos, ou melhor as maiores “paredes”. Apesar de avisados para as dificuldades, eu e o Laia, conseguimos manter um andamento agradável, cheio de confiança, mesmo nas subidas mais íngremes. Nesta altura a prova começava a ficar verdadeiramente interessante, tanto subíamos desmesuradamente como logo de seguida, sentíamos o doce calor da adrenalina a correr-nos nas veias, em mais uma insensata descida. Chegados ao último abastecimento, foi o deliciar com tudo o que tínhamos direito e siga para bingo, faltam 10K.
No último terço da prova, tudo mudou. A experiência de outras andanças dava-me a certeza, no trail tudo muda de um km para outro. Depois de mais uma ou 2 subidas a tocar os céus, vinha a parte mais técnica com uma descida bem longa a saltar de pedra em pedra. A partir daqui, simplesmente o motor desligou, a descida tinha-me amassado as pernas, as costas chiavam de dor e as hérnias já não queriam correr mais. Ainda faltavam 5 longos e penosos km´s. Posso dizer que me fui arrastando, km atrás de km. O Laia parecia bem mais fresco do que eu nesta altura, e quase por mútuo acordo, voltámos à táctica inicial, correndo e andando ou andando e correndo. Conseguimos chegar com 3H49m, um tempo canhão. O Rui deu-nos um baile e quase já tinha almoçado quando demos os últimos passos a contar. O Zé e o Gomes, sorrateiramente tinham feito 4H e pouco, e apesar das dores que certamente traziam, não lhes faltou o sorriso por terem concluído a Aventura Trailista. 
No Grande Final!

Apesar de ter sido duro, só me vem à cabeça quando será o próximo empeno, porque este já foi.
 

terça-feira, 29 de setembro de 2015

I Trail Quinta do Pinhão


Depois das saudades da estrada, estava a desesperar por um trail.

Depois de convite, quase ultimato, tinha de voltar aos trails! O meu companheiro, padrinho e amigo da orientação, Pedro Laia, quase que me arrastou para voltar aos trails. E nesta altura só lhe posso agradecer por isso. Sem andamento, com uma grande incerteza mas com uma enorme confiança, decidi participar no novíssimo trail da Quinta do Pinhão. Em tom de brincadeira, aventura e em representação do G.D.U. Azoia, acabei por voltar aos trails mais depressa do que tinha imaginado. 

Fizemos uma equipa de recheada de contratações de último dia do mercado, mas mesmo assim diria que fomos quase brilhantes. Sim, porque creio que de todas as equipas que acabaram à nossa frente, cada membro tinha mais km´s este ano que nós todos juntos.

 Os Azoia Runners, antes da partida!
(Sérgio Mónica, José Guerreiro, Rui Fonseca, Pedro Laia, Filipe Fidalgo, Luis Carapeto, Nuno Gomes)


Os 15Km eram a distância certa para não recearmos fazer lesões, nem provocar demasiadas mazelas nas pernas. Como tal, juntámos uma camisola colorida, uma pitada de insanidade e corda aos sapatos que isto só acaba no fim.

Os primeiros km´s foram para mim um misto de liberdade e loucura, mas a primeira subida a sério perto dos 7 Km colocou ordem nas ideias e na fervura emocional. É um choque, quando nos apercebemos que não temos pernas para as correrias de outrora. Dali para frente acabei por saborear apenas cada km, com uma leveza de espirito que nem me lembro de partes do percurso. Houve momentos, em que no meio daqueles trilhos, embora não muito espectaculares, consegui absorver o espirito intrínseco do trail no seu estado puro. Absorvi tanto a natureza e o efeito de voltar a correr nos trilhos, que até deu para me enganar num caminho demasiado simples para o fazer. Sem stress, voltei ao trilho certo e corri, apenas por correr, sem olhar às pedras, à areia, às raízes, mas sim focado em chegar rapidamente ao fim. Onde poderia dissecar toda aquela aventura imprevista.

Os “loucos” do Azoia acabaram num honroso e impensável 5.º lugar, por equipas. E eu ainda estou para descobrir como cheguei tão rápido à meta.

                                                    A Foto do Sucesso Alcançado!

Para um primeiro evento, podemos dizer que falhas existiram as suficientes para fazer do próximo ano uma excelente prova, para quem se queira estrear no mundo do Trail. Prova fácil, sem muitos ambientes difíceis ou técnicos, que acabou por me trazer de volta o bichinho do Trail.
  



terça-feira, 22 de setembro de 2015

Alegro Meia Maratona de Setúbal ´15




Foi um longo até já, mas agora é para voltar. Voltar a partir do meio da multidão de inúmeros desconhecidos, incógnitos ansiosos por percorrer estradas sedentas de novas passadas e trilhos sequiosos de aventuras. Km´s marcados por todas aquelas solas coloridas, que trazem sonhos, esperanças, mas acima de tudo uma paixão: A corrida!

Para muitos era apenas mais uma de muitas provas, mas para mim foi um pouco mais. Voltei a sentir aquele nervoso miudinho, aquela vontade de vestir mais um equipamento, de voltar a calçar os ténis, mas acima de tudo o arrepio dissimulado na rotina de colocar mais um dorsal.

A meia maratona de Setúbal era uma incógnita, assente em muitos factores, que me faziam sentir uma vontade ainda maior de correr. Um traçado desconhecido, um regresso às meias maratonas, o aceitar do convite de renascer e ao mesmo tempo do renascer da meia maratona de Setúbal. Uff! Que reboliço de emoções.
No tiro de partida, Eu e o Luis Carapeto, voltámos a estar lado a lado para mais uma aventura kilométrica. A lembrança regredia-nos apenas 2 anos, mas mais parecia que tinhamos voltado 20 anos atrás no tempo, pois até o simples nó dos ténis parecia mais difícil de ficar firme. Mas lá voltámos a correr, envoltos num mar de loucos de calções justos, com camisolas coloridas, dorsais ao peito, e um par de ténis caros a ornamentar toda aquela insanidade dominical. Sim, a imagem assim descrita é um pouco estranha, mas só quem lá está domingo após domingo é que sabe e sente o quero dizer.

Nunca, tinha corrido em Setúbal! Parece mentira, mas apesar de ser aqui tão perto tal nunca tinha acontecido. Mas a primeira vez valeu por tantas outras que nunca aconteceram. O traçado apesar de duro, quase a roçar as Lampas do meu amigo Andrade, é simplesmente maravilhoso, e porque a organização foi de fazer inveja a muitas outras provas de renome que se fazem por esse Portugal fora. A HMS e o Alegro ( Immocham Portugal), criaram uma lufada de ar fresco nas meias maratonas em Portugal, com uma organização de excelência, que certamente deixou, em todos, o desejo de voltar em 2016. 
Que saudades que eu tinha, de correr, de terminar uma prova, de sentir aquela devoção e o sentimento de dever cumprido. Mas acima de tudo de voltar para casa, com um sorriso nos lábios. Chegar, com uma chapa pendurada ao pescoço por uma fita patrocinada e abraçar a família agradecendo todo o amor que nunca me faltou mesmo sem correr.
 

Classificação:
 

PS: Não foi nada de especial, mas depois de tanto tempo parado, não deu para mais e foi o que se arranjou.