segunda-feira, 26 de março de 2012

22ºMeia Maratona Lisboa

Pela 3ºvez consecutiva estive na Meia maratona de Lisboa. Certamente que continuará a ser uma prova em que assiduamente marcarei presença, não só pela megalómana organização, mas principalmente por ter sido nesta prova que (re)iniciei nas lides desportivas.  Desta vez apadrinhei mas um principiante nas meias, o meu amigo Luis Carapeto, lá se estrou nos 21,095km com a marca de 1H48m05s. Se a principal motivação para esta prova era fazer do Carapeto um ½ maratonista, existia um outro objectivo que dia a após dia me ia desafiando silenciosamente.
 Sem agendamentos e combinações lá conseguimos juntar um grupo de amigos prontos para mais uma meia. À partida ficava eu o “primo” Veloso e o Carlos Cerqueira num grupo e o António Massano rebocava o Luis Carapeto durante alguns km´s. Dado o Tiro e lá foi pelotão correu o ex-libris da cidade de Lisboa. Podem dizer mal da organização, da prova, mas bem lá no fundo todos voltam com a mesma ambição, passar a ponte a pé. A vista lá de cima é soberba, mesmo a correr num mar gente, temos vontade de parar um pouco e ver Lisboa. Não existem muitos locais que nos transmitam aquela imagem da nossa capital. Depois de apreciar as vistas lá vinha a descida para alcântara e o primeiro banho de multidão a apoiar os atletas. Todas as vezes que ali passei senti sempre o mesmo carinho, ano após ano, sempre no mesmo sítio, sempre com a mesma alegria daqueles que saúdam os “ loucos” que passaram a ponte a pé. Depois do primeiro abastecimento, o Cerqueira fugiu ficando eu e o Vitor sozinhos. Até aos 15km´s a corrida passou num ritmo certinho e sem problemas de maior, aproveitamos por isso para ir ponto a conversa em dia. Perto da zona da chegada, começava a sentir a falta de treinos, e não fosse ter visto o meu Pai naquela altura certamente não tinha conseguido ir atrás do Victor mais um km. Aos 16Km, fiquei sozinho. O Vitor bem me chamava, mas as pernas já não davam resposta. Estava na altura de começar a fazer contas. Se em 3 semanas tinha feito apenas 43km, isto queria dizer que a partir de dali, tinha de ser a mente a ganhar às limitações do corpo. Baixei o ritmo e tentei ignorar as dores, voltei a fazer contas de cabeça e o objectivo da 1h30m era mesmo à tangente. É nestas alturas que temos de arranjar motivação onde pensamos já não haver nada, e ver no sacrifício apenas um meio para atingir os nossos objectivos. Desliguei-me do resto, e fixei-me no meu desafio silencioso, “baixar 1h30 para dedicar ao meu Pai”, era apenas e só isso que me mantinha vivo e focado na estrada. Por momentos esqueci os treinos que não tinha feito, esqueci as dores nas pernas e corri simplesmente por que tinha vontade de o fazer por mais que me doesse o corpo. A corrida tem-me dado momentos inesquecíveis e á entrada do 21km, ao ver novamente o meu Pai de máquina em punho para mais um retracto, tive a certeza que aquele momento era também ele inesquecível. Respirei fundo, e corri.
O tal retracto!
Ao passar no pórtico de chegada, tinha registado 1h30m03s e no momento de desilusão, percebi que tinha alguns segundos de crédito por ter partido mais atrás. Foi por isso que com alguma impaciência aguardei pela saída dos resultados oficiais, tal como na primeira vez que corri esta prova, ansiava por saber qual tinha sido o meu tempo real para correr aquela distância. E quando finalmente consegui ver o registo, lá estava o tão desejado tempo. 1H29m41s o meu novo PR na distância! E o objectivo concretizado.

Esta foi para ti PAI!