sexta-feira, 10 de junho de 2011

10.ª Corrida do Oriente


Pela segunda vez fui ao Oriente, não ao Oriente propriamente dito, mas ali para os lados da Expo, onde praticamente tudo é Oriente ou parecido. Até uma corrida tem o nome mais badalado para aqueles lados, Corrida do Oriente e vejam bem já é assim há 10 anos.

O ano passado tinha feito a minha melhor marca aos 10km´s nesta corrida, mas este ano os dias passam e os treinos fogem o que me fez ter uma ideia mais realista para esta prova que passava apenas por rolar. O clã estava em força, até a pequena Matilde foi dar uma força ao Pai, o que verdade seja dita me dá uma motivação extra para chegar ao fim e abraçar os meus filhotes. Comecei rápido naquele empedrado difícil, duro e acima de tudo irregular, muito irregular. O primeiro km vou rápido, sem saber ao certo como ou porquê pois não me sentia propriamente motivado para andar acelerar e a serpentear por entre a vasta multidão de gente que tal como eu tinha calçado os ténis para uma corrida de fim-de-semana. O meu pensamento não estava totalmente concentrado na corrida, faltava ali alguma companhia, desta vez não havia Tandur. Corri sozinho, os primeiros km´s a pensar que devia ter esperado pelo grande companheiro Mário Lima, ou que devia ter procurado o Coutinho conforme o combinado, mas nada disso aconteceu. Corria apenas por correr, embalado pelo pelotão pelas avenidas do Parque Expo, sem ordem, sem Norte e só. As pernas pesadas da falta de treinos também não estavam a ajudar, mergulhando o corpo num sofrimento sem dor, numa angústia, por chegar perto dos meus filhos, mesmo sabendo que apenas faltavam alguns km´s. Ao longe uma voz grita o meu nome, fazendo reagir o corpo. Os olhos saem temporariamente do Alcatrão e vagueiam em volta até encontrar o conforto de um rosto conhecido, o companheiro Joaquim Adelino. Se ele não me gritasse, tinha passado mesmo ao lado sem dar por nada. Um pouco mais desperto, fui continuando, embalado no ritmo do pelotão mudo e ansioso pelo abastecimento, de modo a afastar o calor que se fazia sentir. Foi neste mesmo abastecimento que comecei a sentir a corrida novamente. Molhei a cara, depois o pescoço e a cabeça.

Um gole para molhar a garganta e parecia rejuvenescido. Olhei para o garmin para tentar perceber o que tinha perdido até ali. Não era mau, mas também não era bom. Resignei-me e apenas corri. Ao km 5, finalmente aparece companhia. O amigo Coutinho vinha no meu encalço. Depois de uma rápida e corrida saudação, fizemos logo ali uma coligação, talvez por a palavra estar na moda, mas a verdade é que no meio daquela “Troika” toda, ficou acordado que iriamos juntos até ao fim. A conversa animou a corrida, talvez mais a minha que falo pelos cotovelos, mas estava agora motivado, já tinha um objectivo. Os km´s seguintes foram sempre a aumentar o ritmo, até que ao 7km o Coutinho começou a ficar para trás. Estava desgastado, dizia ele com o Pulsómetro a apitar cento e tal batimentos por minuto. Nesta altura sentia-me com força para aumentar o ritmo, mas não o fiz. Comecei a gritar pelo Coutinho, a tentar dar-lhe força. E mal ou bem lá o convenci a vir no meu encalço. Cada vez que se atrasava um pouco, levava mais grito para acordar. No fim acabou por dar resultado. Acabamos os dois com 43 minutos e tal, mas tínhamos cumprido o objectivo de acabar juntos. Eu sem pernas para mais andamento, acabei sem problemas uma prova que de princípio mais parecia o fim do mundo.

E depois. Bem, depois, foi correr mais um pouco, mas desta vez para os braços dos meus filhotes, e sorrir para o retrato que a fantástica Mãe e Mulher já estava de máquina na mão!