Por vezes a corrida não serve apenas para correr distâncias, serve
também para as diminuir. A corrida une sempre dois pontos: a partida à chegada.
Mas por vezes une mais do que isso, cada palavra escrita no blog é como uma
nova passada, uma passada atrás de outra, uma palavra seguida de outra, a
distância passa a ser relativa, a partida é aqui, mas nunca saberás onde é a
meta, sabes apenas que as palavras leva-as o vento, um vento de bits e bytes
até um outro blog, até outro corredor, que tal como eu escreve cada passada,
cada palavra sem distância sem destino, sem meta. Apenas escreve porque as suas
passadas traçaram uma nova meta carregada de palavras para contar.
Este ano não tenho estado muito inclinado para as corridas de 10K,
mas na sexta-feira as palavras trouxeram passadas, caindo-me no “colo”um dorsal
para a corrida do Tejo. Como bom portuga, tudo o que diga saldo, de borla ou
grátis é um bom negócio, ainda para mais em altura de crise, por isso nem
pensei 2 vezes e agarrei a oportunidade. Olhei o plano de treinos para a
maratona de Lisboa e dizia domingo 35Km, a corrida do Tejo apenas tem 10Km, por
isso ou fazia “piscinas” na marginal ou lá ia o plano por água abaixo. A
decisão foi a mais lógica, vou e depois logo se vê. Em Algés vivia-se um
ambiente fantástico, recheado de “copy & paste”, pois como é hábito
nesta prova todos correm de camisola-dorsal igual. Parei, olhei em redor e
admito que fiquei um pouco tonto, todo o meu horizonte era branco e azul. Já
pronto na linha de partida olho novamente para o mar de gente branca e azul,
mas mesmo ao meu lado a cara era conhecida, o Cláudio Pina e a esposa Ana
estavam mesmo ali. Estar lado a lado com um amigo de infância, que não via há
largos anos, numa prova em que nem estava previsto, e onde toda gente veste de
igual, é mesmo um caso de sorte. A partir daqui a prova já tinha tudo para
correr bem, mesmo faltando resolver a questão dos km´s em falta no plano de treinos.
Todo
o tempo foi curto para por a conversa em dia, pois a partida estava dada e por
entre os dois dedos de conversa lá fomos abalroados pela onda branca e azul. Os
km´s começaram a voar uns atrás dos outros o que me deixava optimista para um
bom tempo, a partir dos 8km´s decidi abrandar, já tinha arranjado a solução
para os km´s em falta. Terminei com 40m04s, bastante bom, tendo em vista que a
prova nem fazia parte dos meus objectivos. Depois de terminar foi virar em
sentido inverso e aproveitar a marginal sem carros para testar o traçado da
“nova” maratona de Lisboa. Foi espectacular ver toda aquele corrente de gente
vestida de igual a encher a marginal em sentido contrário. Chegado a Algês,
local da partida os 20km estavam feitos, mas sentia-me bem apesar do calor que
se fazia sentir, por isso continuei a marcha até ao Cais do Sodré. Acabaram por
ser 30km à beira rio, 10 a favor da corrente e 20 contra.
Depois
deste treino meio louco, acabei por saber que tinha sido um domingo em cheio
também para o Cláudio e para Ana, pois tinham acabado a prova de estreia da Ana
nos 10Km. Sejam ambos bem vindos ao mundo louco das corridas.
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