Por
vezes parecemos distantes. Não porque queríamos parecer distantes, mas apenas
distantes porque algo nos fez parar para pensar, ou simplesmente abrandar o
ritmo alucinante que as nossas vidas levam.
Escrevi
aqui no meu blogue há cerca de 4 meses, parece distante, mas não. Abrandei
apenas um pouco para fazer uma análise, calma e ponderada. Não quis parecer
distante, nem saudosista, nem nunca pensei sequer em parar, apenas abrandei.
Passaram
4 meses, com muitas histórias que ficaram por contar, mas certamente não
ficaram por viver. Corri mais uma maratona (Maratona de Lisboa 2012), a minha
4º e nem uma linha escrevi, faltaram palavras para descrever os sentimentos e
emoções vividas. O rascunho nunca deixou de ser rascunho e as palavras acabaram
enroladas numa bola de papel. Guardei-as apenas para mim. O ano virou e por
momentos voltei a ser pirata (treino Pirata dos CAAPP). Desta vez sem uma
crónica de odisseias mirabolásticas e força de superação. Apenas fui, corri e
nada contei. Voltou o rascunho, voltaram as bolas de papel, cheias linhas e
palavras por partilhar. Mas mesmo sem partilhar o momento, vivi o mesmo com a
mesma intensidade de sempre. No último mês veio o Arinto (1ºTrail de Bucelas),
e senti que algo mudou, saí da estrada e mudei. Silenciosamente mudei o rumo da
corrida que tanto gosto. Calma e pausadamente, cortei cada linha do plano de
provas para 2013 que não encaixava no meu “novo” conceito de corrida, num novo
eu corredor. Risquei cada linha lado a lado com a minha companheira de
aventuras, de desafios. A mesma pessoa que sempre amou cada momento da minha
corrida da mesma maneira com me ama a mim. Sem Ela, a mulher dos meus filhos, a
mulher da minha vida, a corrida não me teria mudado da mesma maneira, pois tal
como quando tudo começou, comprou-me uns novos e fieis ténis de corrida e numa
voz doce, disse apenas para correr nos trilhos com a mesma paixão que corro na
estrada. Assim tudo mudou sem nada ter mudado, apenas renasceram os objectivos
e cresceram novos desafios. E como a vida de corredor é mesmo feita de
desafios, juntei-me ao pessoal que tal como eu faz da corrida um walk in the Park,
tornando-me membro dos CAAPP (Clube de Atletismo Amigos do Parque Paz). E como
tudo parece mudar sem nada ter mudado, procurei todas as folhas de papel,
juntando todas as palavras que pareciam perdidas, criando novamente as frases
de aventuras e feitos de um Homem comum no louco mundo das corridas.
No
fim sei que não parei, não abrandei... simplesmente corri num ritmo diferente!
E porque nem sempre nas palavras reflectem o nosso estado de espírito, agimos de forma a responder ao nosso íntimo. Não é fácil acompanhar alguém num percurso tão díspar como o teu, mas decerto que é um prazer ler todas as palavras, linhas e frases que ingenuamente espelham o que sentes.
ResponderEliminarNão conseguirei entender o que sentes quando corres, mas acredito que a força vem de dentro de ti e transforma-se em passos que dás num ritmo alucinante… principalmente quando te tornas uno com a natureza e deixas que o que há-de mais puro transpareça e te transforme….
Não paraste, nem abrandaste… simplesmente correste num ritmo diferente!
O mais importante de tudo é que esse abrandamento foi só no que concerne ao blogue pois no referente as corridas esteve bem activo!
ResponderEliminarLinda essa descrição da paixão súbita e repentina que sentiu pelos trilhos. Sei o que isso é pois há muitos anos eu senti o mesmo e também eu mudei como corredor.
Um abraço