domingo, 3 de março de 2013

Num ritmo diferente...


Por vezes parecemos distantes. Não porque queríamos parecer distantes, mas apenas distantes porque algo nos fez parar para pensar, ou simplesmente abrandar o ritmo alucinante que as nossas vidas levam.

Escrevi aqui no meu blogue há cerca de 4 meses, parece distante, mas não. Abrandei apenas um pouco para fazer uma análise, calma e ponderada. Não quis parecer distante, nem saudosista, nem nunca pensei sequer em parar, apenas abrandei.

Passaram 4 meses, com muitas histórias que ficaram por contar, mas certamente não ficaram por viver. Corri mais uma maratona (Maratona de Lisboa 2012), a minha 4º e nem uma linha escrevi, faltaram palavras para descrever os sentimentos e emoções vividas. O rascunho nunca deixou de ser rascunho e as palavras acabaram enroladas numa bola de papel. Guardei-as apenas para mim. O ano virou e por momentos voltei a ser pirata (treino Pirata dos CAAPP). Desta vez sem uma crónica de odisseias mirabolásticas e força de superação. Apenas fui, corri e nada contei. Voltou o rascunho, voltaram as bolas de papel, cheias linhas e palavras por partilhar. Mas mesmo sem partilhar o momento, vivi o mesmo com a mesma intensidade de sempre. No último mês veio o Arinto (1ºTrail de Bucelas), e senti que algo mudou, saí da estrada e mudei. Silenciosamente mudei o rumo da corrida que tanto gosto. Calma e pausadamente, cortei cada linha do plano de provas para 2013 que não encaixava no meu “novo” conceito de corrida, num novo eu corredor. Risquei cada linha lado a lado com a minha companheira de aventuras, de desafios. A mesma pessoa que sempre amou cada momento da minha corrida da mesma maneira com me ama a mim. Sem Ela, a mulher dos meus filhos, a mulher da minha vida, a corrida não me teria mudado da mesma maneira, pois tal como quando tudo começou, comprou-me uns novos e fieis ténis de corrida e numa voz doce, disse apenas para correr nos trilhos com a mesma paixão que corro na estrada. Assim tudo mudou sem nada ter mudado, apenas renasceram os objectivos e cresceram novos desafios. E como a vida de corredor é mesmo feita de desafios, juntei-me ao pessoal que tal como eu faz da corrida um walk in the Park, tornando-me membro dos CAAPP (Clube de Atletismo Amigos do Parque Paz). E como tudo parece mudar sem nada ter mudado, procurei todas as folhas de papel, juntando todas as palavras que pareciam perdidas, criando novamente as frases de aventuras e feitos de um Homem comum no louco mundo das corridas.

No fim sei que não parei, não abrandei... simplesmente corri num ritmo diferente!

2 comentários:

  1. E porque nem sempre nas palavras reflectem o nosso estado de espírito, agimos de forma a responder ao nosso íntimo. Não é fácil acompanhar alguém num percurso tão díspar como o teu, mas decerto que é um prazer ler todas as palavras, linhas e frases que ingenuamente espelham o que sentes.
    Não conseguirei entender o que sentes quando corres, mas acredito que a força vem de dentro de ti e transforma-se em passos que dás num ritmo alucinante… principalmente quando te tornas uno com a natureza e deixas que o que há-de mais puro transpareça e te transforme….

    Não paraste, nem abrandaste… simplesmente correste num ritmo diferente!

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  2. O mais importante de tudo é que esse abrandamento foi só no que concerne ao blogue pois no referente as corridas esteve bem activo!
    Linda essa descrição da paixão súbita e repentina que sentiu pelos trilhos. Sei o que isso é pois há muitos anos eu senti o mesmo e também eu mudei como corredor.
    Um abraço

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