Voltei a Monsanto
para uma estreia. Já tinha estado várias vezes no meu plano fazer a corrida dos
Lobos – Corrida do Direito Rugby Europcar, mas pelas mais variadas razões isso
nunca tinha acontecido. Mais uma vez eu e o Luis Carapeto lá fomos para mais
uma prova, desta vez com um difícil e sinuoso percurso, conforme a informação em
letras pequeninas.
Passaram 2
semanas depois da aventura nas areias da Costa e apesar de ter contrariado em
muito o meu plano de treinos( 3 treinos em 2 semanas, o normal é serem 2 ou
nenhum) achei que seria um boa prova para voltar a correr em Monsanto. A manhã
acordou chuvosa, o que de algum modo obrigava a família a ficar em casa, o
único louco do clã que corre á chuva sou eu. O Luis não conhecia o trajecto,
verdade seja dita eu também não, mas o Google maps deu uma verdadeira ajuda, e
por isso a viagem foi um pequeno briefing de como seria a prova. Á chegada ficámos
com várias certezas, a primeira é que iriamos apanhar uma molha, a segunda que
havia mais atletas do que imaginávamos e a terceira é que a prova era um misto
de subidas, subidas e mais subidas. Dorsal posto, chip no ténis, atacadores bem
atados e lá vem chuva, ainda nem tinha soado o tiro de partida e já estava
ensopado
A chuva carregava sobre os loucos corredores de domingo quando o tiro de partida ecoou
na Estrada do Outeiro. As lebres fugiram, não sei se assustadas com o tiro se
simplesmente extasiadas em busca de liberdade pelos serpenteados caminhos de
Monsanto. A verdade é que as lebres corriam em fuga, perseguidas pelas imensas camisolas
coloridas e saltitantes, que ziguezagueando marchavam alongadas tentando
enganar a chuva. Monsanto era agora o carrocel de todos aqueles graúdos, embalados
numa melodia silenciosa de um sobe e desce doentio carregado de curvas e contra
curvas regadas pelo granizo e pela chuva que caía. Mas os loucos não desistem e
continuam a calcar a estrada como senão houvesse amanhã, esquecendo as poças e
fios de água que correm agora rua abaixo empurrando os frágeis ainda mais para
trás. Existem alturas em que ninguém vê o carrocel, apenas o Monsanto adamastor
que nos obriga a esquecer as dores, as fraquezas e os medos para mais alto
chegarmos. .
Era um grupo cheio de sorrisos já perto dos7km
Passas a besta, mas não vês o fim, não vês o outro lado que esperavas encontrar. Não páras, continuas apenas a correr na esperança de lá chegar. A mente revolta-se. Interroga-se se o corpo já pagou o que devia mas é nessa altura, quando o nosso cerne já não vê nem descodifica os sinais ocultos pelo sofrimento, que algo nos surpreende. Monsanto nem sempre nos derruba, por vezes apenas nos testa os limites e depois nos empurra de volta á vida pelas suas veias contorcidas num quase interminável escorrega sem escrúpulos, que nos chicote-a os músculos e sacode a mente, mas no fim nos faz ver que chegámos de volta onde tudo começou. No mesmo local onde sem saber como era já sabíamos que iria valer a pena.
Correr em Monsanto
é tudo isto e um pouco mais.
Tempo: 41min
14s
Classificação
Geral: 28º
Classificação
Escalão : 13º
Olá Filipe;
ResponderEliminarUm bom texto narrativo de uma excelente prestação desportiva.
Parabéns....dos Xavier's
Olá, amigos Xavier´s.
EliminarObrigado pelo vosso comentário. Foi sem dúvida uma boa manhã desportiva com um bom resultado á mistura.
Grande Abraço
Olá Filipe
ResponderEliminarParabéns companheiro. Temos andado por caminhos diferentes, confesso que já tenho saudades de uma corrida em Lisboa.
Cumprimentos para toda a família, cá de casa.
Luís Mota
Filipe
ResponderEliminarTambém temos que ter uma boa dose de loucura, se assim não fosse nunca, por esta ou aquela razão, enfrentaríamos o que a natureza nos oferece de bom e de mau e ficaríamos sentadinhos à espera que a vontade passasse.
Pelo que vejo na foto, bem dura foi a prova porque não vejo nela qualquer sorriso.
:)
Abraços!