segunda-feira, 21 de maio de 2012

IV Corrida do Direito Rugby Europcar


Voltei a Monsanto para uma estreia. Já tinha estado várias vezes no meu plano fazer a corrida dos Lobos – Corrida do Direito Rugby Europcar, mas pelas mais variadas razões isso nunca tinha acontecido. Mais uma vez eu e o Luis Carapeto lá fomos para mais uma prova, desta vez com um difícil e sinuoso percurso, conforme a informação em letras pequeninas.

Passaram 2 semanas depois da aventura nas areias da Costa e apesar de ter contrariado em muito o meu plano de treinos( 3 treinos em 2 semanas, o normal é serem 2 ou nenhum) achei que seria um boa prova para voltar a correr em Monsanto. A manhã acordou chuvosa, o que de algum modo obrigava a família a ficar em casa, o único louco do clã que corre á chuva sou eu. O Luis não conhecia o trajecto, verdade seja dita eu também não, mas o Google maps deu uma verdadeira ajuda, e por isso a viagem foi um pequeno briefing de como seria a prova. Á chegada ficámos com várias certezas, a primeira é que iriamos apanhar uma molha, a segunda que havia mais atletas do que imaginávamos e a terceira é que a prova era um misto de subidas, subidas e mais subidas. Dorsal posto, chip no ténis, atacadores bem atados e lá vem chuva, ainda nem tinha soado o tiro de partida e já estava ensopado

A chuva carregava sobre os loucos corredores de domingo quando o tiro de partida ecoou na Estrada do Outeiro. As lebres fugiram, não sei se assustadas com o tiro se simplesmente extasiadas em busca de liberdade pelos serpenteados caminhos de Monsanto. A verdade é que as lebres corriam em fuga, perseguidas pelas imensas camisolas coloridas e saltitantes, que ziguezagueando marchavam alongadas tentando enganar a chuva. Monsanto era agora o carrocel de todos aqueles graúdos, embalados numa melodia silenciosa de um sobe e desce doentio carregado de curvas e contra curvas regadas pelo granizo e pela chuva que caía. Mas os loucos não desistem e continuam a calcar a estrada como senão houvesse amanhã, esquecendo as poças e fios de água que correm agora rua abaixo empurrando os frágeis ainda mais para trás. Existem alturas em que ninguém vê o carrocel, apenas o Monsanto adamastor que nos obriga a esquecer as dores, as fraquezas e os medos para mais alto chegarmos. .
Era um grupo cheio de sorrisos já perto dos7km

Passas a besta, mas não vês o fim, não vês o outro lado que esperavas encontrar. Não páras, continuas apenas a correr na esperança de lá chegar. A mente revolta-se. Interroga-se se o corpo já pagou o que devia mas é nessa altura, quando o nosso cerne já não vê nem descodifica os sinais ocultos pelo sofrimento, que algo nos surpreende. Monsanto nem sempre nos derruba, por vezes apenas nos testa os limites e depois nos empurra de volta á vida pelas suas veias contorcidas num quase interminável escorrega sem escrúpulos, que nos chicote-a os músculos e sacode a mente, mas no fim nos faz ver que chegámos de volta onde tudo começou. No mesmo local onde sem saber como era já sabíamos que iria valer a pena.




Correr em Monsanto é tudo isto e um pouco mais.
 
Tempo: 41min 14s
Classificação Geral: 28º
Classificação Escalão : 13º

4 comentários:

  1. Olá Filipe;

    Um bom texto narrativo de uma excelente prestação desportiva.

    Parabéns....dos Xavier's

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, amigos Xavier´s.
      Obrigado pelo vosso comentário. Foi sem dúvida uma boa manhã desportiva com um bom resultado á mistura.

      Grande Abraço

      Eliminar
  2. Olá Filipe
    Parabéns companheiro. Temos andado por caminhos diferentes, confesso que já tenho saudades de uma corrida em Lisboa.
    Cumprimentos para toda a família, cá de casa.
    Luís Mota

    ResponderEliminar
  3. Filipe

    Também temos que ter uma boa dose de loucura, se assim não fosse nunca, por esta ou aquela razão, enfrentaríamos o que a natureza nos oferece de bom e de mau e ficaríamos sentadinhos à espera que a vontade passasse.

    Pelo que vejo na foto, bem dura foi a prova porque não vejo nela qualquer sorriso.

    :)

    Abraços!

    ResponderEliminar