domingo, 30 de outubro de 2022

Maratona de Lisboa 2022. A minha nona.....

 

Isto mal ou bem, acaba por não ter segredos. A Maratona é isso mesmo, longa. Com uma preparação longa, com uma longa espera após a inscrição e claro com muitas e longas histórias para contar.

Admito! Já não estou a habituado a isto de escrever no blogue. Ao fim de semana existia a jornada de domingo, que começava com um treino ou uma prova e acabava com o escrever de mais algumas palavras no corredor de domingo. Os tempos são outros, o tempo tornou-se mais curto e nós menos afoitos naquelas coisas que provavelmente até nos dão algum gozo pessoal.

4h49 da manhã, falta um minuto para o despertar. Não dormi grande coisa, existe sempre algum nervoso miudinho antes da maratona. Mas agora não há volta a dar, levanta-te e bora nessa. Ao entrar na cozinha vislumbro toda aquela parafernália de roupa, gel, barras energéticas e afins, organizadas numa perfeita desorganização equilibrada apenas pelo dorsal 1395.

O plano de treinos tinha sofrido um enorme revés, depois de 2semanas e meia parado por uma lesão num pé, tinha voltado aos treinos apenas 3semanas antes da maratona. Pensando bem é melhor ignorar essa parte e pensar que vai tudo correr bem, são só 42,195m. Já o fiz algumas vezes. E o melhor é enganar-me um pouco do que ser totalmente enganado.

Tal como da última vez, que tinha corrido a distância, mais ou menos há 5 anos quando “apadrinhei”, leia-se enganei, o Pedro Laia. Ia acompanhar a estreia de mais um amigo das corridas. O Luís Balinho depois de tantas horas de treino a ouvir-me falar da maratona, como se eu fosse um enorme expert, acabou por sucumbir num momento de fraqueza e inscreveu-se.

5H30, tal como um miúdo que vai correr pela primeira vez, estou aos saltinhos no meio da rua para fugir há cacimba fria e neste momento só não sinto mais o frio porque estou ainda preso no calor do beijo de despedida da minha mulher e do puto mais pequeno. Aí estão os Balinhos….Já um pouco apertados pelo tempo, o barco para a outra margem era às 6h, a caminho de Cacilhas somos literalmente conduzidos em modo frenético pela Inês. Não consigo explicar bem a coisa, porque foi tudo demasiado rápido, mas ia jurar que algo ou alguém marcou todos os sinais como verdes até chegarmos a Cacilhas.

Já no barco, começamos a vislumbrar os primeiros pozinhos da maratona. Àquela hora era muito fácil identificar os “loucos” equipados, ensonados mas ao mesmo tempo sorridentes a caminho do desígnio. Chegados ao Cais do Sodré, o mar de gente dividia-se em dois. Os empenados da noite e os equipados, que seriam um novo mar de empenados algumas horas mais tarde.

No comboio das 6H15, era hora de ponta a caminho de Cascais e da Maratona.

É nesta altura que pensamos na dimensão disto tudo, quando vemos toda esta estirpe de malta oriunda de mil cantos deste mundo. Não há ninguém de pé, são 40min de viagem até Cascais e provavelmente os últimos em que vamos poder descansar as pernas até ao final da corrida. Entre os bancos preenchidos e outros, que tal como eu e o Luis, se sentam no chão do comboio, só se fala de corrida. Não interessa a língua, não interessa se os percebo ou não, mas as palavras, as frases acabam sempre com um sorriso por isso sabemos o que significa.

Afasto-me mentalmente um pouco e vislumbro com alguma nostalgia, aquela mistura de alegria, e nervoso miudinho. Percebo aqui e ali que existem algumas estreias, são aqueles mais nervosos, irrequietos e talvez mais sorridentes. A viagem passa rápido, e aquela gente de equipamentos coloridos invade agora as ruas ainda adormecidas de Cascais. Também eu começo a ficar nervoso, não corro uma maratona à 5 anos e a última não trás grandes recordações, pelo enorme empeno. Umas mensagens para a família, umas fotos para a praxe, um abraço ao Luís Balinho e vamos a isto companheiro, começa a aventura.

A partida é um mar de adrenalina, que se vai dissipando à medida que os km´s se vão acumulando. O Luís vai soltinho e confiante e quando damos conta o balão das 3h30 já ficou para trás. Saímos de Cascais até ao Guinho, e nesta altura começamos a sentir o vento de frente. Bom sinal! Quando dermos a volta no Guincho vimos de volta à boleia é esse o pensamento e o tema de conversa nesta altura. Os primeiros 10k passam e no meio da brincadeira, faço uma vídeo-chamada para casa. Estamos bem, sorridentes e animados. Passamos Cascais com a magnifica vista para a Baía e  somos banhados pelo enorme calor humano que emana da efusiva assistência que entre acenos, palmas e gritos de apoio multilingues vai acolhendo o pelotão.

Meia maratona e tudo são rosas. O vento continuava a ajudar e apesar de continuarmos animados e ainda frescos as conversas começam a diminuir, sinal de que a coisa começa a ficar a séria. Verdade seja dita até aos 30k tudo tem de correr bem, pois normalmente é aí que começa a travessia do cabo das tormentas. Chegados aos 30K e entramos em modo poucos sorrisos e brincadeiras. Deu para apreciar a vista da marginal colorida pelas camisolas de cores berrantes, o tejo, a margem certa, a ponte. Hoje roubámos o protagonismo ao Tejo.

Perto dos 35K, o Luís faz-me sinal. Não dá mais!

Já tinha reparado que o ritmo estava a baixar, mas íamos correndo embalados pelo mar de gente e as dificuldades pareciam que se iam diluindo nos km´s. Falámos um pouco e a decisão era fácil, vamos juntos até ao fim. Nesta altura íamos alternando a caminhada com corrida ligeira. Não eramos os únicos, mas a maratona por vezes é assim. Ali bem perto do museu dos coches, vislumbro o Mário Lima. Era inevitável, toca a parar tudo para trocar um enorme abraço. Aproveitando o correndo e andando, fomos trocando histórias de outras maratonas e animando aqueles que estavam menos bem.

38Km´s e já não falta tudo. Eu e o Luís continuávamos aquilo que era nesta altura a nossa caminhada matinal. Nesta altura o desafio era mental, estamos quase mais ainda falta o quase. Estamos cansados, mas existem outros também cansados. Aproveito para tirar o telemóvel, mais umas fotos, umas mensagens para casa e descubro que tenho a família no terreiro do Paço. Bora lá, Luís! Tenho o meu pequeno Vicente à minha espera. Creio que nesta altura o Luís já estava fartíssimo de me ouvir, com dores nas pernas, cansado e quiçá arrependido daquela loucura. Eu pelo contrário sentia-me eufórico e cheio de energia. Puxava pelo Luís, ajudava um inglês com cãibras, saudava e puxava por aqueles que íamos passando. O Fim era já ali e tinha de aproveitar cada momento.

A verdade é que não sei se foi de estar cansado de me ouvir falar e puxar por ele, mas dos 38 até ao fim o Luís nunca deixou de correr.

42Km e está quase feita. Agora são 195m para gerir as emoções, procurar a família, cortar a meta e chorar que nem uma criança. Vejo a minha filha Matilde saltar a correr do meio da multidão e quase que choro de alegria. Vou voltar acabar a maratona de mãos dadas com ela.

São momentos inesquecíveis e indescritíveis!

Terminámos! 3H50m e mais uns pozinhos. Troco um enorme abraço com o Luís, estou imensamente feliz por ele. Treinou, sofreu, sorriu e no fim chorou como qualquer maratonista que termina a sua primeira maratona.



Deixem-se de tretas aqueles que dizem que um homem não chora. Chora pois e de alegria sempre que acaba uma maratona. E não dá para explicar, sente-se e não se descreve. Porque uma maratona, vive-se do primeiro ao último km.

Recebo a medalha e só quero ver o resto da família, beijar a minha mulher por acreditar em mim e nestas maluquices da corrida. Abraçar o filhote Tiago e pegar ao colo o filhote Vicente. Está feita a nona maratona e nunca acabei tão feliz.

Venha a próxima que já estava com saudades disto. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Que saudades....

 

Podemos correr milhares de km´s, mas o que fica como resultado são vivências, são histórias das corridas, as loucuras de treinos fora de horas, as amizades e a paixão pela corrida.

Já não escrevo por aqui à alguns anos, não fiz jus aos muitos companheiros de provas e treinos que alimentaram também eles as histórias e vivências que guardarei para smepre.

Voltei hoje apenas porque tive saudades, porque também vou tentar voltar a correr a mítica distância no domingo, porque também me sinto culpado por o corredor de domingo ter deixado correr nas palavras.

Domingo lá estarei, não para fazer tempos, não para correr contra o tempo, apenas para disfrutar e concluir a minha 9ª maratona.

Ao fim e ao cabo, volto porque por momentos percorri memórias de outros tempos, de outras corridas e das outras maratonas.

Recordei os amigos e percebi …

Que saudades que eu tenho da blogosfera corredora.

Espero no final domingo, ainda ter pernas para vir aqui calcorrear algumas palavras, no esquecido corredor de domingo.



domingo, 12 de setembro de 2021

Review Puma Deviate Nitro

 

Detalhes do equipamento

Marca - Puma

Modelo – Nitro Deviate

Drop – 8mm

Fotos







 

Review

A Puma é uma marca com que os corredores, não associam ao tão famoso Running. Isto falando de calçado, claro!

A Puma percebeu que nos tempos que correm, ser transversal, arrojado, mas acima de tudo comentado, pode mudar ideias e mentalidades. Digamos que a Puma, arrancou finalmente para running, e com a série Nitro veio a revolucionar aquilo que parecia impossível à uns anos. Sim é possível ter tênis de corrida Puma e a série nitro veio para ser diferente, arrojada e comentada, sempre que pensarmos em comprar um novo companheir0,o para percorrer essas estradas de alcatrão.

O modelo Nitro Deviate é uma lufada de ar fresco, com um amortecimento espetacular, muda completamente aquilo que estávamos habituados quando se falava em Cushing. Sim! É mesmo diferente, parece um caminhar constante sobre as nuvens seja em corridas longas ou apenas para alguns km´s.  O amortecimento totalmente Nitro Foam, não só é mais leve como resistente, duradouro e têm uma resposta à passada extremamente eficaz, muito por culpa da placa de carbono existente no seu interior.

Resumindo temos um tênis, extremamente suave e ágil na passada, com uma resposta de aceleração de passada que se nota mais conforme a velocidade vai aumentado.

O calcanhar é bem reforçado e estável, sendo que a grande diferença acaba por ser o PumaGrip ou simplesmente a maravilhosa e eficaz borracha existente na sola que estabiliza a passada mesmo em condições difíceis.

Na minha opinião, o único defeito é mesmo aquele efeito de meia para agarrar o tornozelo, apesar de ajudar no apoio acaba por folgar um pouco, perdendo o efeito visual pretendido.

A parte superior têm um design arrojado, mas extremamente respirável o que ajuda a manter os pés bastante frescos, diminuindo o aquecimento e o desconforto em treinos mais longos.

Em suma estes Nitro Deviate, colocam a Puma no mercado e lado a lado com as marcas que têm dominado os últimos anos do calçado running.  Este modelo , deixa mesmo esse aviso à concorrência, uma vez que temos um Nitro Deviate Nitro e o Nitro Deviate Elite, o que  faz perceber que o foco não é apenas o atleta de pelotão, mas sim ser abrangente do pelotão ao pódio.

 

Esta opinião é pessoal e baseada em cerca de 50K de utilização do equipamento acima indicado.

 

Avaliação

Amortecimento – 10/10

Flexibilidade – 8,5/10

Estabilidade – 8,5/10

Conforto – 9/10

Média – 9

Não posso deixar de agradecer à AMMagazine e à PUMA, pela possibilidade de testar mais um grande modelo.