segunda-feira, 21 de março de 2011

21.ª Meia-Maratona de Lisboa

Cada um de nós cria expectativas, objectivos ou simplesmente utópicas ambições antes de cada prova. Mas é através do nosso suor e das mil e uma passadas de uma prova que absorvemos o choque ou o sonho de cortar mais uma meta.

Meia Maratona de Lisboa. Uma corrida que para mim já foi um sonho. Sonho esse, que me abalroou a mente dia e noite, até pela primeira vez ter corrido aqueles 21km. Foi aqui que nasceu o corredor de domingo, quando há precisamente um ano corri a minha primeira meia maratona. Um ano passou, a vida continuou e inclusive cheguei mais além do que alguma vez pensei chegar. Mas um ano depois da estreia, a prova bestial passou a besta.
Há precisamente um ano adorei cada passada, escrevi na minha mente cada metro, cada km e gravei no meu ser aquele cortar de mais uma meta. Este ano, detestei! Apenas me apetece esquecer os 21km que ontem corri. Paguei para correr, porque gosto de correr, mas senti-me desrespeitado por querer correr uma meia maratona. A partida foi um caos, com gente da mini na frente de atletas da meia, com empurrões e encontrões simplesmente, porque existe gente, que tal como eu, só queria ir correr. É muito mau ouvir o tiro de partida para uma meia maratona, e ter a minha frente um senhor de bengala a andar. É muito mau ter de andar a saltar separadores centrais, porque existiam autênticos piqueniques que nos impediam de correr. É simplesmente mau a falta de civismo que acabamos por encontrar só porque queremos correr e outros andar. Como é lógico não são estas situações que tiram grandeza a esta magnifica prova, mas são estas contrariedades que ditam a qualidade de uma organização e nos deixam sem vontade de no ano seguinte voltar.

Sem correr há 3 semanas, devido a alguns imprevistos físicos, a minha espectativa para esta prova era apenas rolar para somar km´s e se possível baixar o tempo do ano anterior. Ideia que ao km 5 já estava totalmente ultrapassada. Acabei por fazer uma corrida sem ambição, sem vontade, apenas com a vontade que acabasse depressa.
Depois do tempo perdido na partida, e sem a capacidade física que me permitisse recuperar, fui andando na tentativa de encontrar alguém conhecido com que fazer o resto da prova. Depois de encontrar o Luis “Flash” Mota, antes da partida e de mais tarde o ver passar em sentido contrário a correr atrás dos Quenianos, poucos companheiros acabei por encontrar. Cruzei-me duas vezes com o “primo” Veloso, cumprimentei o grande amigo Fernando Andrade numa altura que tentava alcançar, sem efeitos práticos, o Vitor e se não fosse ter saudado o Enfermeiro Coutinho, tinha ficado por aí o que costuma ser um mar de encontros e reencontros. Tive 3 momentos de corrida, até aos 5 pouco corri, dos 5 aos 15 tentei recuperar e dos 15 até ao fim foi abrandar e gozar a paisagem.
No fim, com 1h45m oficiais, fiquei ainda mais desalentado, quando alguém me tenta “ roubar” um ténis. Incrível, eu de pé no ar a gritar atrás de um tipo que me levava o ténis agarrado ao carrinho de bebé. Por momentos pensei que tinha acabado a minimaratona, não fosse a dor nas pernas me ter despertado para o facto, que o tipo do carrinho é que não devia estar ali. Enfim.

No meio de tanta coisa a correr mal, foi bom ter encontrado familiares que não via há alguns anos, e que vieram propositadamente de Estremoz para fazer a passagem da ponte a pé. Parabéns pela vossa vontade e ambição.

E claro que não posso esquecer do momento que para mim marca a 21.ª Meia Maratona de Lisboa, a minha mãe que nunca na vida tinha calçado uns ténis para correr, treinou afincadamente e efectuou os 7km´s da minimaratona pela primeira vez, recebendo honradamente a sua medalha no final, com um tempo abismal de 2h02m. Para o ano será certamente uma marca a bater. Parabéns “Velhota”.

15 comentários:

  1. Bolas Mano, isso é que foi uma corrida "não". Não és o único a queixar-te da organização muita gente da televisão fez referência a isso. Mas tirando todo o negativismo, como tu disseste essa prova teve um marco e que grande marco a "nossa velhota" terminou uma mini maratona, quem diria. Agora é preciso ter cuidado se lhe ganhou o gosto, vamos começar a vêr o pai atrás a fita a gritar "vamos, força..." hehehe.

    beijocas

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  2. Oh Filipe, deixa-te de coisas, rapaz!!!
    Já sabias que, se querias correr desde o início, tinhas que ir cedinho lá para a frente. Olha, eu não corri mais porque não tive pernas e, mesmo assim, tu passaste por mim como se fosses no TGV. Claro que eu fui cedo, estive ali a um ou dois metros da corda e demorei talvez uns 45 segundos a passar o tapete. Leva um baralho de cartas e passas ali uma hora e tal na maior até poderes começas a fazer o aquecimento dos dedos dos pés, eheh.
    Mas olha que, com esse desalento todo de que falas, teres feito 1,45... é obra! Não te chateies Filipe, aquilo é a Festa da Corrida e como festa que é, tem que ter "caramelos", só que estes não sabem ocupar o seu lugar e não há Organização no mundo que consiga "organizar a cabeça das pessoas".
    Grande Abraço, Filipe e... tenho a certeza de que esses "azeites" te vão passar.

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  3. Olá Filipe
    Foi muito agradável a conversa que tivemos que até deu para não me aperceber da confusão.
    Felicito-te pela tua prestação e pela importância desta prova no teu percurso desportivo.
    Esta é para mim uma prova de eleição e de presença obrigatória. Delicioso o teu último parágrafo.
    Grande abraço.
    Luís mota

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  4. Olá, Mana.
    A nossa " Velhota" esteve em grande e já me perguntou onde vai ser próxima corrida. Está feita uma atleta.
    Não foi uma corrida "Não", foi uma corrida sem treino nas pernas e talvez com gente a mais para a capacidade da organização. Mas enfim, esta corrida é a festa da corrida em portugal.
    Obrigado por teres passado no meu cantinho.

    Beijocas.

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  5. Ola Primito, para mim foi axar uma agulha no palheiro e ter-te encontrado nakela multidao foi uma alegria enorme...beijokas e nao desanimes e para a proxima para la xegares bem cedinho, nas vesperas vens dormir ao alentejo e vais conosco no autocarro que assim tens muitos mais previlegios, porque xegas bue de cedo e ainda te deixam mesmo em cima da meta...lololo
    e já agora a tua velhota para estreante portou-se muito bem eu fiz 2h 5m mas tambem fui em turismos e aproveitei cada metro do percurso...Para o ano lá estarei!

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  6. Grande Filipe!
    Eu, como te disse fui numa de "passear" e acompanhar uns amigos que foram fazer a minimaratona. Mas também me apercebi dos "piqueniques" ponte!! Demorei VINTE minutos a percorrer METADE da ponte (menos de 1,5 km) porque a malta queria era fotos e aparecer na TV! Mas a vontade de correr foi mais forte e larguei-os no meio da ponte...
    Claro que o tempo ia ser uma porcaria mas tinha vontade de correr com os verdadeiros corredores e não acompanhar aquele bando de "cús-pesados" que calçam os ténis uma vez por ano. E lá fui. Foi a minha primeira "meia da ponte" e também achei que há menos civismo que nas outras provas. Porque esta não é uma prova "a sério" como tantas outras que há por aí. Nas outras entram maioritariamente corredores, nesta a maioria é malta que vai "passar a ponte a pé"!
    Mas enfim, foi bom. Achei-te com má cara quando nos cruzámos! Foi o que me deu alento para o resto da prova "deixa lá ver se ainda apanho o Fidalgo!!". Acabei com 1:55h mas não importa nada!
    Abraço!

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  7. Amigo, Fernando Andrade.
    Tens toda a razão, devia ter chegado mais cedo. Não ponho em causa a enorme organização que é necessária para este MEGA evento, que é magnifico, mas sim a falta de civismo de quem só corre uma vez por ano. Para o ano chego mais cedo e jogo uma cartada contigo enquanto esperamos pela partida.
    E verdade seja dita, quano passei por ti não ia de TGV, mas sim a arrastar-me um bocadinho mais depressa.
    Um Grande Abraço.

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  8. Amigo, Luis Mota.
    Foi uma conversa bastante agradável a que tivemos antes da corrida. Parabéns também para ti meu amigo, que continuas a ir de Mota atrás dos Quenianos.
    Para mim também esta prova será sempre obrigatória, pois foi aqui que nasceu o corredor de domingo. Por isso com organização boa ou má, para o ano lá estaremos para o tiro de partida.
    Um grande Abraço.

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  9. Olá, Prima.
    Realmente o nosso encontro foi quase como encontrar uma agulha num palheiro, pois no meio de tantos encontrar os mais dificeis é realmente dificil.
    E tens razão o melhor é para o ano ir a Estremoz apanhar o Autocarro para a Ponte.
    Beijinhos para todos e obrigado pelas tuas palavras.

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  10. Grande Coutinho,
    É verdade o que dizes, isto já não é uma prova para levar a sério, por isso, que se lixem os piqueniques na ponte e aqueles que tristemente só calçam os ténis para passar a ponte a pé. Porque "nós" os corredores, mesmo que seja só de domingo, temos prazer em correr e desejamos tanto essa liberdade que o que interessa é lá estarmos a fazer aquilo que gostamos.
    Quando nos cruzamos, ia já bastante desgastado fruto das 3 semanas sem calçar os ténis para correr, mas olha ao menos dei-te alento para acelerares o ritmo.lololol.
    Parabéns pela tua segunda meia maratona, só tenha pena de não te ter visto na chegada para de dar um abraço e comemorar contigo a tua primeira meia da ponte.

    Um grande abraço

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  11. Filipe, à organização interessa o número de participantes. Atenção, eu disse participantes, não corredores. Aliás, esses (VIPS) até nem partem na Ponte, como sabes. O resto, o resto meu amigo é número. Número, mais nada, e foi um sucesso(???)! 36.000 a correr(?). Sempre me indignei com afirmações destas e me perguntava onde estavam esses 36.000 nos fins-de-semana seguintes o resto do ano... mas o que interessa é dar ao patrocinador a imagem, este mundo vive de imagens.

    Foi lá que em 1996 me iniciei (em idade adulta) nas provas de estrada. Depois, já lá fiz Meias e Minis (uma delas grávida de 6 meses, em 97), acompanhei o meu pai, amigos, mas depois Filipe, aquilo perdeu o encanto para mim. Porque como tu, e eu corria a 5:00 ou mesmo que corro a 6:30, eu pago para correr, e acho que isso (correr) é o mínimo que se poderia exigir, e a Organização falha. Redondamente para uma grossa percentagem dos que querem correr e por isso se inscrevem numa corrida.

    Depois...claro há os que querem apenas passar a ponte a pé, e um dia destes teremos lá 50.000.... a Ana Pereira é que muito dificilmente lá voltará...

    Um beijinho

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  12. Olá Filipe;

    Acho que tens toda a razão. A organização tem que defenir o que pretende, e tem de "separar as àguas" , quem quer correr é isncrito para correr e tem de ter um lugar e um horário diferenciado daquele que vai passear ou passar o dia no pique-nique ou então fazer uma passeata na ponte.
    Todos têm o mesmo direito à festa, mas cada um tem uma maneira de estar na festa, diferente dos outros e isto a organização tem de saber diferenciar.
    Em vês de fazer a partida de todos ao mesmo tempo, tem de fazer as partidas diferenciadas, se têm de fechar a ponte mais umas horas que fechem, mas tenham dignidade na organização.
    Venham à europa do norte e verão que as organizações são bem diferentes e com qualidade. Não é só dizer estiveram 30.000 a correr e depois não dar condições.
    Eu estive também na semana passada a correr com 30.000 pessoas e não tive essa tua má experiência da organização.

    Mas estiveste bem ! e então a tua mãe esteve também muito bem, e bem poderia pessoas como ela terem partido 1 hora depois e tudo corria às mil maravilhas.

    Parabéns....e continua assim!
    Um abraço
    dos Xavier's

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  13. TANDUR Fidalgo
    o melhor elogio que fazes à prova é quando disses que a tua "velhota" fez a mini, é que é isso mesmo, o grande mérito desta meia de Lisboa é pôr 36.000 pessoas a mexerem-se, para nós corredores já sabemos ao que vamos, não gostamos não vamos, mas será que não gostamos mesmo?
    Confesso que é a meia que menos gosto mas também sou um gajo com gostos esquisitos, ainda assim dando sequência à minha série ano sim, ano não, i.é, 2003, 2005, 2007, 2009, 2010 e 2011...voltarei em 2013 (em 2010 foi uma participação extra para fazer companhia ao outro TANDUR).
    Parabéns à mãe.
    Abraço TANDUR Felipe.

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  14. Filipe,

    Sei perfeitamente o que queres dizer... se sei e ao ler esta descrição revivi o meu sentimento.
    No entanto, passadas já algumas horas após a prova estou com um espírito mais desportivo e espero para o ano repetir a proeza com a ESPERANÇA (dizem que é a última a morrer) de que a organização melhore na partida.

    Não é isso que faz de nós desportistas?
    Pelo menos não comi mosquitos como na corrida das Lezírias :-)

    Boas provas e espero que um dia nos cruzemos algures a correr...

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  15. “Primo”,
    Bem tentei encontra-te no meu de tamanha multidão, mas só te vi nos retornos.
    Apesar das adversidades ate que não foi mau de todo, voltas-te a correr onde inicias-te no vicio das corridas.
    Eu ate que gosto da prova, mas a fase inicial é de ficar com raiva e não lá voltar......
    Não posso de deixar de felicitar a "Velhota" pela proeza, que continue.
    Forte abraço

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