terça-feira, 7 de junho de 2016

VI Ultra Trail de Sesimbra


Nem sempre é fácil voltar ao blogue e escrever mais uns km´s de aventuras e desventuras, mas será sempre mais difícil passar por aqui e nada escrever.

 Sim, tenho andado a baldar-me ao blogue. Sim, também me tenho baldado aos treinos. Às provas, nem se fala, pois isso não tem sido uma balda, tem sido mais uma enorme rebaldaria. A verdade é que as lesões têm sido as minhas mais fieis companheiras ao longo dos últimos tempos, mas nada que o tempo não cure, o descanso não repare ou mesmo que o gelo não melhore. Como tal, tenho andado num misto de fisioterapia passiva de gelo esporádico, como que se de uma desculpa se trata-se, para ocultar o medo e o receio de me voltar a aleijar. Resumindo, estou velho e preso por elásticos e arames.

Mas todos nós temos umas crises. Principalmente após aquelas provas mais violentas, que nos deixam lesionados ou dois dias totalmente doridos. Depois acordamos ao 3º dia, cheios de pica e com vontade de partir de tudo e Inscrevemo-nos numa nova loucura, porque a que passou, simplesmente, já não dói. Pois eu estou mais ou menos a entrar na madrugada do 3º dia. Já nada me dói, mas a adrenalina ainda não atingiu os pícaros da invencibilidade sobre-humana, que nos transforma nuns verdadeiros walking-dead, a percorrer sites e blogues, à procura daquela prova que ainda têm as inscrições em baixo custo.
Foi nesta transição que decidi ir ao VI Trail de Sesimbra, onde felizmente tive a excelente companhia do Hugo Hilário, com quem já tinha andado a bater km´s  no Trail do Canha, com resultados até interessantes. Mas a chegada a Sesimbra marcou um enorme reencontro, o meu grande amigo Mário Lima. Para quem não sabe ou não conhece, este senhor é uma enorme lenda viva da corrida e do pelotão corredor em Portugal. Um amigo de muitos km´s e aventuras, mas acima de tudo um ser humano com uma simplicidade e uma amizade fora do comum. Revê-lo e dar-lhe aquele abraço, foi sem dúvida um enorme ganho, ainda sem ter começado a correr.

Bem, mas passei por aqui para falar do Trail que esteve para ser Ultra, mas não o foi, no entanto a corrida nunca mais começa.
 
Foto Facebook - Runners Dream Moments

A prova é excelente, tem vistas surreais, trilhos magníficos, subidas intermináveis, mas no entanto tem algumas coisas a rever. A primeira será sempre a passagem pela Ribeira de Cavala, que se tornou num enorme engarrafamento, apenas e só porque, ao km4 o pessoal ainda vai demasiado próximo para um trilho tão estreito e técnico. Depois a questão da subida ao Castelo, num trilho estreito e muito ingreme que coincide como trajecto das 3 provas. Claro que só podia dar novo engarrafamento, muito embora menos relevante do que o do km4. Fora estes pequenos reparos, o Trail acabou por ser excelente. Desde o princípio, que tive a sorte de ir sempre aproveitando a “boleia” do Hugo, e controlando os tempos e o esforço para chegar ao fim “inteiro”.

 Tinha inicialmente previsto dividir a prova em 3 partes de 7Km cada. Deixava rolar os primeiros 7 sem forçar andamento, evitando assim maior desgaste. Tentaria aumentar o ritmo nos segundos 7 para ver a reacção do corpo a tantas semanas parado e caso chega-se “vivo” aos últimos 7, seria para chegar perto do red line da gestão de esforço.

Creio que tudo acabou por correr dentro do planeado, muito por causa do reboque do Hugo Hilário que me foi mantendo sempre alerta e focado no objetivo. Acabei com 2h34, o que na minha opinião acabou por ser bastante satisfatório, dado que acabei com mais km´s nas pernas do que nas últimas 3 semanas, e a prova só teve 21K. A decisão de não fazer a ultra mas a prova de 21k, foi sem dúvida nenhuma a mais acertada, pois não tinha tido qualquer hipótese de acabar a tão ansiada Ultra. Ficou por isso adiado o objetivo, certamente para um futuro próximo.
 
Foto Facebook - José Manuel Bué

Com a prova terminada fomos fazendo de imediato o rescaldo, primeiro com o Rui já fresco e descansado, depois de nos ter dado mais um abada de 15min e depois com o Laia e o seu aspeto de quem foi ali passear, dada a frescura que apresentava à chegada. Por momentos até cheguei a acreditar, que só a mim é que me doíam as pernas, os pés, os tornozelo, os joelhos e sei lá mais o quê.

No fim a grande equipa do GDU Azóia, não podia deixar de festejar mais uma prova terminada, com uma geladinha e um banho nas águas de Sesimbra. Felizmente, não existem provas fotográficas, que nos incriminem de tal festança.

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