segunda-feira, 7 de maio de 2012

4ºMeia Maratona na Areia

Nesta altura, as saudades ficam porque não pagam imposto, e por isso vamos dando por nós com saudades do sol, do mar, da praia até das chamadas férias de verão. Mas o que estava mesmo a sentir era saudades de uma prova como a meia maratona da areia. Esta quarta edição juntou um pouco de cada uma das saudades.
O ano passado tinha “apadrinhado” o meu amigo Alberto Coutinho e este ano foi o Luís Carapeto a ser “afilhado”. Em Novembro tinha desafiado o Luis para em Março fazer a meia da ponte, a sua primeira meia maratona, chamou-me louco mas chegou ao fim cansado e feliz. Mas quando se atinge uma meta, devemos traçar outra mais audaz. Ficou definido que tal como eu outrora fiz a segunda meia maratona do Luis iria ser na Meia da Areia, acabei por ser chamado de louco, novamente, mas deste ontem que o Luis Carapeto está cansado e feliz. E ainda dizem que o louco sou EU.

A 4ºEdição da Meia da areia, marcou a minha 3º participação na prova, e bem me arrependo de não ser totalista. Contrariamente aos últimos dias, o Domingo amanheceu cheio de Sol, não me perguntem se foi para embelezar a meia da areia, mas que ajudou disso não há dúvida nenhuma.  Partida ás 9H30 com muito sol, muitos participantes e uma enorme auto-estrada criada no areal da Caparica. Bem embalado pelos tempos nas últimas provas, mas principalmente pela 1h00m30s na corrida do 1ºMaio (15KM), estava de algum modo motivado para fazer uma prova um pouco melhor que nos últimos 2 anos.  Após a partida, o pelotão cedo se alongou, com os rápidos a fugirem pelo areal fora e os mais lentos a preencherem aquela imensidão de areia, molhada pela fuga do mar na maré baixa. Sem ser minha vontade dei por mim sozinho entre dois grupos, o que me foi entretendo o pensamento por alguns km´s. Ou tentava acelerar apanhava o grupo da frente e desgastava-me ou diminuía um pouco o ritmo e corria o risco de depois não conseguir reagir para seguir no encalço do grupo. Como não me decidi, fui correndo sozinho, pelo extenso areal a ver o que podia acontecer. Aos 4km por detrás de uma máquina, um turista chama por mim, sorri um pouco e aguardei que depois do boneco  lá aparecesse a figura que neste momento não descortinava. Mais uns segundos e o “primo” Veloso, lá apareceu por detrás da máquina para com um sorriso e um “High Five” saudar a minha passagem.
Foto por: Vitor Veloso
Até aos 7km fui andando sozinho, até que a malta do grupo que vinha atrás de mim lá se chateou, e passaram por mim numa tentativa de passo acelerado. Reagi e consegui ficar com mais 3 atletas. Nesta altura a companhia soube bem, mas como é lógico ajudou a aumentar o ritmo que até ali já eu pensava ser um pouco mais rápido do que estava á espera. Até ao último abastecimento antes do retorno, nada mudou, mas esse abastecimento ditou o que viriam a ser as regras do jogo dali para a frente. Tomei o gel, e ao passar estiquei o braço para apanhar a água, mas o pessoal, penso que influenciado pelo meu amigo Mário Lima que me cumprimentava, levantaram todos os braços, gritaram força e água, népias…..  
Na altura bem me ri, mas os 2km seguintes foram um pouco ou nada difíceis de engolir, dado que o maldito gel, não passava da goela para baixo. Com a boca seca, o gel na garganta e o sol a aquecer, nem imaginam a sede que levava.  Perdi o contacto com o meu grupo, mas fui andando sempre a uma distância controlada, sem ganhar terreno mas acima de tudo sem os perder daquele raio de 20\30 metros. Perto dos 15km fui fazendo algumas contas, dado que ia novamente sozinho ia-me entretendo a fazer cálculos para estimar o tempo provável de chegada. Cheguei por momentos a pensar que devia ser do sol e pelos muitos km de falta de água, mas as contas teimavam a dar perto da 1h35m, cerca de 10min menos que o ano anterior. Afastei da cabeça aquela ideia que parecia louca e foquei-me em voltar a saudar o “primo” Veloso para ficar bem na fotografia de quem vem de volta. Continuava num bom ritmo e perto dos 18km, nova actualização nos cálculos, e o tempo previsto continuava na mesma tendência. Lembro-me de ter pensado que era melhor correr um pouco mais depressa porque ali não havia sombras e de certeza que o sol me estava a fazer mal, mas quanto mais pensava na chegada, mais me ocorria as duas últimas chegadas á Costa da Caparica de mão dada com o meu filhote Tiago, mas desta vez isso não era possível, o puto tinha ficado em casa. Deambulando pelo areal fui comendo km´s, até sair do areal mais molhado para os últimos 100 metros de areia solta. Estes 100 metros quando vimos desgastados parecem km´s de penúria, mas desta vez não, tudo parecia fácil e ainda mais fácil ficou quando vejo o meu filhote a correr novamente direito a mim. Abri e fechei os olhos rapidamente, mas desta vez não era do Sol, o puto maravilha estava mesmo ali. De mãos dadas cortamos pela 3ºvez a meta na Meia maratona da Areia e desta vez abaixo da 1h35m ( dados do meu garmin, mas aguardo as classificações para dar veracidade à história). Faltava apenas o beijo na minha maravilhosa mulher e mãe dos meus filhos, para lhe retribuir a felicidade de no dia da mãe fazer de mim um Pai ainda mais feliz.
Não posso deixar de elogiar a magnifica organização da associação o Mundo da corrida, que fez tudo o que estava ao seu alcance para tornar a Meia Maratona na Areia um evento fantástico para todos os atletas. Um obrigado a todos pela excelente prova que nos proporcionaram.

13 comentários:

  1. Mais um excelente relato à Filipe, um atleta que continua em franca progressão. Grande tempo!
    Parabéns.
    Grande abraço.

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    1. Olá, Amigo Fernando Andrade. Obrigado mais uma vez pelas tuas elogiosas palavras.
      Como tu disseste e bem, a única desculpa para não fazer uma boa prova só podia ser a falta de treinos, que por acaso é o meu exemplo, felizmente isso não se notou.

      Grande Abraço

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  2. Olá Filipe ;

    Boa prestação desportiva...!, mas ainda melhor foi a ponta final, pela mão do filhote. Aí é que está o segredo, para os bons resultados!!

    Um abraço amigo
    dos Xavier's

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    1. Olá, amigo Xavier.
      As coisas correram bem melhor do que estava á espera e sem dúvida nenhuma que terminar uma prova de mão dada com o meu filhote é sempre um grande motivo de orgulho para mim.
      Espero que a Amélia esteja a recuperar o melhor possível da sua arreliadora lesão.

      Grande Abraço

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  3. Uma Meia Maratona na areia deve ser, de facto, um evento fantástico. E o tempo ajudou (se tivesse chovido acredito que tornaria as condições piores).

    Parabéns!

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    1. Obrigado,
      Esta prova é realmente espectacular, por mais que se diga ou conte só mesmo quem a corre é que percebe a sua espectacularidade.
      Quem sabe se para o ano não estarás também na linha de Partida para correr esta aventura.


      Boas corridas

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  4. Filipe

    O que me estou a rir com aquela de força Filipe e água nada.

    :)))

    Com tanta água que ali tinha e tu 'seco'. Eu bem te vi a vires direito à mesa e até pensava que ias pegar no copo, mas depois disseste qualquer coisa e lá te foste embora sem água. Mas no retorno (afinal só tinhas perto de 1km 500/500m até voltares de novo a passares por nós, tinhas ali oportunidade de saciar a sede como muitos o voltaram a fazer.

    Confesso que no retorno não te vi, não havia mãos a medir para dar de beber e comer a tantos companheiros. Quando veem isolados é uma coisa, agora todos juntos a coisa fia mais fino.

    Mas haviam mais abastecimentos pelo caminho e foi pena teres levado a sede até ao fim.

    O 'primo' Vitor lá te esperou para a foto, mas realmente a cereja no topo do bolo aguardava-te no fim... o teu puto maravilha.

    Uma bela prova, num belo final.

    Grande Abraço!

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    1. Amigo, Mário.
      Passei realmente na mesa depois do retorno, mas estava toda a gente ocupada a dar água ao pessoal que ainda ia no sentido inverso, mas claro que a opção foi minha de não parar para beber. Hoje, teria certamente parado, bebia a água e ainda te dava um abraço pela tua simpatia e amizade.

      Grande Abraço

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    1. Amigo, João.
      Obrigado pelas tuas palavras. Há quanto tempo! Espero que esteja tudo bem contigo, espero também encontrar-te em breve numa prova.

      Grande abraço

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  6. Companheiro
    parabéns por mais uma meia na areia, quase totalista...
    Esta meia é especial e mais uma vez o provou, sabes que houve pessoal a bater recordes na distância, uma prova que desmistificou o correr em areia (ainda que como bem sabemos a areia da Costa regra geral é do melhor que há).
    Penso que ao amigo que esperavas foi o que estava contigo na chegada da meia de lisboa e que me dizia que correr na areia nem pensar, se assim é vejo que o conseguiste converter, muito bem.
    Continuação de corrida só ao domingo que pelos vistos para ti são mais que suficientes para grandes provas.
    Abraço,
    António Almeida

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    1. Companheiro,
      Obrigado pelas tuas palavras de corredor para corredor. Esta prova é bastante especial pelo fascinio de correr á beira mar mas também pela sempre fantástica organização que tem tido. E sim o o meu amigo Luis Carapeto que se tinha estreado na meia da ponte ficou convencido pela meia da areia.
      grande abraço e bons treinos a caminho dos 3 digitos.

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  7. Correr... Correr para alcançar um momento único e autêntico em que superas o físico através do mental. Em que tentas tornar-te uno com ambiente que te rodeia/envolve, e tentas alcançar a excelência da tua performance libertando em ti o querer e o saber para chegares onde nunca ninguém chegou... ao âmago da tua existência.
    Por isso continuarás a correr até que um dia te sintas satisfeito com as respostas que alcançaste....até que num ímpeto de leviandade atingas a tua perfeição conquistando e criando com as palavras este teu Mundo, onde a leitura nos leva até ao longínquo da tua imaginação. E aqui só TU e a tua corrida interessam!!

    Beijoquitas minhas, da Matilde, do Tiago e lambidelas da Luna!

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