domingo, 25 de julho de 2010

Na companhia do Coutinho....

Oito dias depois da grande jornada à beira mar, voltei à estrada. Sábado de manhã, 9h à porta do SAP – Amora, local original para um treino diferente do habitual. Os meus treinos na baía do Seixal, são normalmente, treinos calmos à beira rio, num local que se tornou na minha zona de eleição para um treino de estrada. Esta zona torna-se local de romaria para aqueles que gostam de desporto no fim de semana, podendo sempre usufruir de zonas destinadas apenas aos transeuntes e corredores de domingo, com bebedouros espalhados ao longo do percurso e inclusive, marcações indicativas do percurso e respectivos km´s isto tudo para uma distância máxima de 15 km´s (ir e voltar, claro!). Um bom local perto de casa.

Mas esta semana, não passava apenas por “sentir” o rio. Tudo combinado e sábado às 9h da manhã era altura de dar a conhecer o espaço ao meu amigo Miguel Coutinho. O Miguel é um companheiro ainda novo nestas andanças, com apenas uma prova feita este ano (2ºcorrida das novas oportunidades), elevou a fasquia e treina agora para a sua primeira Meia, no dia 26 de Setembro na Meia Maratona de Portugal. Saímos num passo tranquilo um pouco acima dos 5min/km, colocando a conversa em dia e deixando rolar, rapidamente chegámos ao Seixal.

Passámos o Seixal através das suas ruas estreitas em direcção ao terminal Fluvial, de onde se vislumbra uma paisagem magnífica. Barreiro, Lisboa e Seixal, amarrados pelo Tejo, de braço dado com o rio, e ao mesmo tempo longe, distantes, separados pelo mesmo espelho de água que os banha e une todos os dias. Subimos ao centro de estágio, lentamente por a subida ser difícil mas também para “provocar” o Coutinho Azul e Branco, que é claro não levou a mal, e imaginou-se a correr no Olival. Terminada a ida estava na altura da volta, agora com mais calor, sentimos o sol sereno sobre o rio e os braços, fazendo daquele treino uma quase ida ao solário. O ritmo aumentou um pouco, o Coutinho está em forma, leva muito a sério o seu objectivo. Eu pelo contrário, os 30km´s da semana passada na área a beira-mar tinham deixado algumas mazelas, e com mais uma semana a pagar parquímetro dos ténis, sentia-me lento, pesado e talvez um pouco em baixo. Fizemos nessa altura vários km´s abaixo dos 4:30m\km, tornando rápido o regresso de volta ao SAP, ao local de partida. Um até logo ao Coutinho, e toca a subir em direcção a casa, para um reconfortante banho fresco, que o dia já ia quente.

Fiz 15 km´s em 1h10m, perto de 13 com o meu amigo Coutinho, que a continuar assim, com a seriedade com que abraça os seus desafios, fará certamente uma excelente prova na Meia Maratona de Portugal.

domingo, 18 de julho de 2010

Da Caparica à Lagoa de Albufeira....e voltar!

Manhã de sábado, e eis que os raidistas se fazem às areias da Costa. A praia quase deserta, fazia jus à hora em que os aventureiros se preparavam para um treino longo, muito longo, no vasto areal da Costa Azul. Partimos 7 com vontade de chegar longe, passo a passo: eu, o Vitor Veloso, o Luís Parro, o Mário Lima, o Rogério e outros dois companheiros que não consegui fixar o nome. Ritmo lento para aquecer, e a conversa ainda vasta sempre em torno da UMA, da Almonda e de todas as provas de trilhos e aventuras mais recentes.
(fotos gentilmente cedidas pelo Vitor Veloso)

 O grupo mantinha-se unido numa passada calma, fintando aqui e ali as investidas da água que tentava teimosamente molhar-nos os pés. Deixávamos para trás o último pontão, o último porto seguro, passamos a Mata, a Rainha e num pulo estávamos na Fonte da Telha. 8 Km’s feitos, num areal até ali fácil e com poucos banhistas. Aos 10 Km´s o Mário sentia dificuldades, uma antiga lesão que também tinha vindo treinar, e sensatamente decidiu voltar antes que o problema se agravasse, um treino é um treino, mas a UMA fala mais alto. Estávamos a chegar à parte mais difícil, da Fonte da Telha para a frente o areal fica mais solto, as ondas chegam mesmo acima de quem corre, criando dificuldades e obrigando a um serpentear constante, duna acima, duna abaixo. Apesar das dificuldades o Vitor e eu tentámos manter o ritmo forte, ouvimos o Luís Parro despedir-se, estava na hora de também ele voltar. As dificuldades aumentavam, o calor também, éramos só dois contra a Mãe Natureza. As gaivotas arbitravam o duelo, mas nós continuávamos numa passada forte, aproveitando o vai e vem das ondas para tentar correr na área mais compacta, mas logo de seguida tínhamos de fazer um sprint para a duna pois o mar não nos deixava ocupar um espaço que considerava seu. Perto dos 14 Km’s numa tentativa de fugir de uma onda, enterrei o pé na areia e o meu malogrado joelho esquerdo cedeu. Uma dor lancinante obrigou-me a abrandar, deixei o Vitor continuar e fui ficando calmamente para trás. Mas a vontade de chegar à Lagoa de Albufeira era mais forte, passada lenta mas continuei, agora com mais cuidado, correndo na areia solta para evitar as mudanças bruscas de direcção por causa das ondas. Cheguei finalmente à Lagoa, o Vitor já se preparava para voltar. Tirámos a foto para registar o momento, e voltámos os dois.

(fotos gentilmente cedidas pelo Vitor Veloso)

 Tentei, mas o joelho não deixava, o Vitor está muito forte, acredito plenamente que vai fazer uma grande UMA, perguntou-me se estava bem se queria que abrandasse, recusei. Não podia deixar que o meu problema prejudica-se um amigo no seu treino e nos seus objectivos. Era agora uma luta minha até à Costa da Caparica, faltavam “apenas” 15Km´s. Continuei, agora sozinho, vendo o meu amigo Vitor afastar-se, aceitando as dores do meu joelho, mas recusando parar. Estava na altura de me colocar à prova a mim, a minha vontade, e o meu espírito superar o corpo, recusar uma limitação e fazer das tripas coração, como diz a sapiência popular. Foram 4 Km´s, com o corpo a pedir clemência, mas cada vez que o garmin apitava por mais um Km cumprido, renascia a vontade de continuar, de me superar. A maré agora mais baixa, dava tréguas, a arriba fóssil imponente, marcava a paisagem, as gaivotas esvoaçavam por ali, e eu só pensava em chegar, de preferência inteiro. Começava agora a ganhar a luta com o meu corpo, aumentei a passada, e depois um pouco mais, estava a superar a maleita, passei a Fonte da Telha praticamente com 3 horas de treino, e continuei, a Caparica é já ali. O vento aparecia agora de frente, dificultando a passada, serpenteava, não por causa das ondas mas pelos inúmeros banhistas que aquela hora já enchiam as praias, felizmente o piso agora estava melhor, bem melhor. A história invertia-se primeiro a Fonte da Telha, depois a Rainha, a Mata e já se avistava o pontão da Costa, estava mesmo a chegar. Entrei no último Km, um apito do garmin e uma voz que me chamava, pensei por um súbito momento que estava a delirar, o garmin a falar. Mas não, era o Vitor, foi bom ver um bom amigo à chegada. Estavam feitos 30Km em 3H39m, nos areais da Costa Azul. Passei muitas dificuldades, muitas adversidades, consegui superar-me, mas o melhor foi mesmo correr com aqueles raidistas, conhecer pessoalmente o Mário Lima e o Luís Parro e palmilhar as areias com alguns dos muitos “Duros” que no dia 1 vão enfrentar a UMA. A todos eles envio as mais sinceras palavras de Força e persistência para superar tão grande prova, pois a UMA é só uma e bravos muitos serão.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Correndo no Blog

Passaram 3 meses, e a barreira dos 1000 visitantes já passou, o corredor de domingo até num site famoso já apareceu ( www.correrporprazer.com), muito me congratulo por isso, mas sei bem que sem a presença constante, de familiares, de amigos, de conhecidos e desconhecidos esta marca não teria sido alcançada.

Todos os “nossos” blog´s falam a mesma linguagem, a linguagem de quem corre. Usam as expressões da corrida e expressam os sentimentos e emoções que o correr nos transmite. Cada um ao seu estilo e ao seu jeito, partilha com esta grande família de cybernautas corredores, as vivências de cada corrida, de cada treino, de cada lesão, ou simplesmente de cada emoção. Sinto-me parte desta família de gente diferenciadora, que trás dentro de si o prazer de correr, de calcar o alcatrão, a gravilha, a areia, para palmilhar aqueles km´s por trilhos e estradas, que nos fazem sentir livres.
Não interessa se somos rápidos ou lentos, se corremos distâncias grandes ou pequenas, o que interessa, é que estivemos lá, lado a lado com gente por vezes desconhecida do mundo, para com eles partilharmos o prazer de correr.

Obrigado a todos aqueles que me deixaram ser um bloguista corredor, que me aceitaram nesta família, que é de todos e não é de ninguém. Obrigado a todos aqueles que comigo já partilharam km´s, por essas estradas, trilhos e areais, trocando palavras, ideias, experiências e vivências, porque sem isso não seria o mesmo corredor de domingo que sou hoje.

sábado, 10 de julho de 2010

Corredor de Domingo no Correr por Prazer

No Passado dia 6 o corredor de Domingo, foi dado a conhecer aos muitos seguidores do site Correr por Prazer. Foi com muito orgulho que aceitei o convite do Vitor Dias para dar a conhecer o "Corredor de Domingo", na sua rubrica de nome blogosfera Corredora. Para de algum modo imortalizar o momento no meu Blog, perdoem-me a repetição a quem já leu, mas fica aqui o texto na integra.

Corredor de Domingo


Autor: Vitor Dias  Categoria: Blogosfera Corredora

Antes de mais, o meu sincero agradecimento ao Vitor Dias, pelo convite para apresentar o meu blog à blogoesfera corredora, através do seu ilustre site, que é uma referência no mundo bloguista nacional e internacional.

O meu nome é Filipe Fidalgo, tenho 29 anos, sou casado e pai de um menino e para breve também de uma menina. Resido na cidade de Amora, margem sul do Tejo, e fiz da corrida o meu passatempo, mas também a voz da minha revolta perante uma lesão arreliadora que me afastou do desporto. Hoje a corrida é a minha tábua de salvação, mas também a minha linha orientadora para fazer do ano dos 30, um ano marcante.

O Corredor de Domingo é um filho recente na blogosfera corredora, diria até que ainda vai nos primeiros passos. Nasceu no primeiro dia de Abril, como se fosse mentira, e dois dias depois tinha o primeiro post. O nome nasceu por coincidência lógica com o dia em que corria todas as semanas, e ao mesmo tempo homenageando todos aqueles anónimos que fazem do domingo o seu dia de corrida.

O Corredor de Domingo, começou por ser o local ideal para a descrição das minhas peripécias corredoras, bem como a porta de entrada para o desconhecido Mundo dos atletas de pelotão. O Mundo daqueles que ninguém ouve falar, mas que é através deles que os eventos se tornam grandes e a corrida salta todas as fronteiras, tornando-se numa linguagem universal.

Ao fim de apenas três meses, tornou-se não só local de partilha de experiências, mas também de ponto de encontro de vários amigos e atletas de pelotão. A todos eles o meu muito obrigado e sejam sempre bem-vindos ao Corredor de Domingo.


Corram por Prazer, mesmo que não seja ao Domingo.


Filipe Fidalgo

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Entre o treino e o Rio.

Com o aproximar do Verão aumentam os corredores de Domingo, aqueles que querem perder os kilos a mais para caber no fato de banho e fazer figura à beira mar. Tenho pena que não saibam o que é ser um verdadeiro corredor de Domingo, que corre todo o ano faça chuva ou faça sol, apenas porque isso lhe dá prazer.

Todos passamos semanas embrenhados em trabalho, ansiosos por chegar a casa e sermos acolhidos efusivamente pela nossa família, que depois muito nos custa “abandonar” para saciar aquele bichinho que se chama corrida, e que nos corre nas veias, todos os dias das nossas vidas. Esta semana, mudei, aproveitei o sol de final do dia e deixei de ser apenas corredor de domingo. Dois dias, dois treinos, mais de trinta km´s e mais de 2 horas longe da família. Mas compensou pois além de treinar fui recebido efusivamente 2 vezes por dia.

19:30 de quinta-feira, 1 de Julho. Calcei os ténis e fui ver o rio. Saí de casa a precisar de algo, procurei em mim, e sem saber o que precisava, apenas corri. Corri até à Amora, passo a passo, sem obrigações de tempo. Cheguei ao rio e olhei, o espelho de água chamava por mim, fiz figura de forte e contornei. A maré cheia reflectia do outro lado a Arrentela, banhada por aquele sol de final de dia, que nos limpa a Alma e nos aquece ainda mais o corpo que já vai quente da corrida. Absorvendo os km´s continuei, percorrendo sozinho, um percurso cheio de gente, que ora andando ora correndo, partilhavam algo que não era seu, aquele passeio á beira-rio. Cheguei ao Seixal. A estrada cortada mas ainda vazia, tornava-se ideal para correr antes que a romaria às festas inundasse as ruas de um mar de gente. Ali já não havia passeio á beira-rio, apenas estrada, apenas eu e a estrada. Desliguei-me de tudo o que me envolvia. A corrida absorvera os meus sentidos, em cada passada, ouvia apenas a melodia que o meu corpo ritmado criava. Sem dar conta do tempo nem do espaço, acordei sobressaltado pelos muitos e eufóricos benfiquistas que saudavam os seus heróis à porta do centro de estágio. Retornei, percorrendo os mesmos caminhos, agora mais rápido, para também eu ser saudado, mas agora na minha chegada a casa.

19:30 de sexta-feira, 2 de Julho. Depois de ontem, voltei a percorrer o mesmo, as saudades da Baía, as saudades de partilhar o passeio que é de todos, aquele espelho de água, tudo isso me fez voltar. Sair da Amora, saudar a Arrentela e abraçar o Seixal, tudo isso na mesma corrida, é divinal. Já o regresso não foi só o rio, não foi só o passeio e aqueles que o partilham a me acompanhar. O som prévio ao concerto de Jorge Palma embrenhava-se na corrida com os acordes gastos e melodiosos de tantos versos e canções. Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar… É a frase que retive, depois de tirar a mão do queixo e de não pensar mais nisso. Acabei por deixar-me rir. Estava de novo na minha Amora, naquele cantinho à beira-rio, onde as casas baixinhas e as gentes de outrora nos fazem sentir em casa. Nada melhor para terminar mais um treino e mais uma semana.